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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

VOZES SOBRE A UMBANDA

W. W. da Matta e Silva
Publicado no Jornal de Umbanda em setembro de 1954


Silencioso na humildade do “congá”, trabalhava, carregando a Missão da noite escura das dívidas, a alvorada do resgate, quando vi seus clarões iluminarem mais um “caminho”, por onde minha alma extenuada tinha de passar, porém, antevendo os desenganos vacilava...

Mas...O chamado era imperioso e dizia; anda, vá, escuta, observa e cumpra a tua parte... E assim sendo, fui e cheguei; e pus-me a escutar as “Vozes” que falavam de Umbanda. De umas as palavras fluíam eloqüentes, empolgavam pelo conhecimento, buscando origens e explicações...Era a “cultura da doutrina”; de outras o Verbo se esparramava vibrante, mostrando causas e coisas, citavam exemplos e interrogavam...Era a ânsia de Saber; e outras mais que refletiam inteligências de mentes ágeis explanando teorias belas, em cujas imagens se podiam identificar o reflexo...dos Livros; e ainda outras se fizeram ouvir, veementes, na imposição do “Eu Sei”, emissoras de vagas concepções...E todas pareciam penetradas pela fé. Entretanto a tristeza, filha da decepção, apoderou-se de mim, e fez com que eu descobrisse o porquê; então, elevando o pensamento ao Astral, fi-lo chamar angustiado:

...OH! SENHORA DA LUZ VELADA – UMBANDA de todos nós, faltam aqui as “VOZES” daqueles que são teus filhos diletos...poderias TU, levar aos “quatro ventos” pelos sons dos clarins da Falange de Jorge, uma pequenina e humilde voz, com essa mensagem;...Ogans, “Babás”, Pais-pequenos, Mães-pequenas, Médiuns que o forem de fato e de direito, meus desconhecidos confrades: ONDE ESTAIS?...Desçam de suas “Tendas” de sonho e perfume e venham “ver” e ouvir a Realidade...Por acaso não chegaram a seus ouvidos, as notícias do que está se passando?...Senão, ouçam e “entendam” o que quero dizer: Nós que somos trabalhadores de todas as noites, veículos desses “Orixás” que nos ensinam a existência dessa mesma Umbanda; nós, primeiro a sermos esclarecidos em seus fundamentos, que amassamos seu “pão de cada dia” e nos sentimos ferir os seus espinhos...é que somos os mais indicados a distribuir suas Pétalas...pois, sabemos, Ela existe no jardim da Luz e do Merecimento, espargindo sua essência aos sequiosos e aflitos, que buscam seu seio como guarida...Assim, devemos reconhecer essas VERDADES e despertarmos do ridículo em que ficamos quando certas interrogações nos são feitas do porquê – “em cada canto é uma coisa diferente”?...Unifiquemos nossos “pontos de vista”, para não darmos o triste espetáculo, visto e revisto, do “cada um por si” com uma banda própria...

Sim...Porque APENAS numa coisa somos unos, é na Fé...E fortalecido nela, com a Vontade irmanada em um Ideal, na inspiração de algo que está em mim e não é meu, ouço sempre uma “VOZ”, numa súplica a dizer...OH! SENHORA DA LUZ VELADA! Tu que acalentas nos braços os sofrimentos de todos os planos, desvelando e dando a cada um, segundo seu grau, as verdades que estão em Ti...Olhai e vigiai sobre “Esses” que vão ser encarregados de colher Teus ensinamentos por aí...Não permitas que, nessa hora, Teus “Congas” permaneçam mudos, pois, BEM O SABES, quase todos estão “quedos”, testemunhas silenciosas de “panoramas e cenários’...ai! quão doloroso é senti-los assim...E por quanto tempo ainda...OH! UMBANDA! Teus “Congas” ficarão em funeral?...

Um comentário:

Anônimo disse...

E assim ainda estão... Ai de nós!